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domingo, 6 de maio de 2018

Negação da política revela um modelo democrático que chegou ao limite

Imagine um sistema político em que os partidos mais votados das últimas eleições (PT, MDB, PSDB e PP) estão todos envolvidos em escândalos de corrupção. Imagine, também, que uma operação policial com ampla repercussão escancarou, para o imaginário popular, diversos esquemas de desvio de recursos públicos na casa dos R$ 12 bilhões, condenando mais de 160 pessoas, entre empresários e políticos do alto escalão. Além disso, empresas como JBS e Odebrecht, embaraçadas em denúncias, fizeram doações milionárias para os principais presidenciáveis na eleição de 2014. Esse ambiente de descrédito generalizado aponta para a erosão dos valores democráticos e cria a expectativa de que um salvador da pátria seja a solução para o pleito que se aproxima. Analistas, no entanto, duvidam do sucesso de iniciantes - ou “outsiders” -, levando em conta que as estruturas do modelo representativo permanecem as mesmas.
As instituições políticas brasileiras já vêm sofrendo um desgaste histórico de confiança, atestado em pesquisas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e DataFolha. As Forças Armadas e o Poder Judiciário, por outro lado, estão no topo da confiabilidade. Esse dado explica o protagonismo político que têm tido diante da opinião pública generais do alto comando do Exército e mesmo os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), contrariando uma máxima do mundo jurídico de que "juiz só fala nos autos".
Polarização recorrente desde a redemocratização, PT e PSDB representam a divisão entre esquerda e direita, a grosso modo. Contudo, sem o ex-presidente Lula (PT) na disputa, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) e a ex-senadora Marina Silva (Rede) passam a liderar as intenções de voto, seguidos do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) e do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa (PSB).
Vencedores das últimas quatro eleições, os petistas têm dificuldades em transferir a popularidade do ex-presidente Lula, que chegou a 37% das intenções de voto antes de ser preso. Os possíveis candidatos pelo PT - Fernando Haddad e Jaques Wagner - não conseguem um desempenho expressivo. Ambos já foram alvos de denúncias por envolvimento com corrupção e acabam caindo na categoria dos iniciados.
Do outro lado, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que já concorreu à presidência em 2006, tendo 39 milhões de votos no primeiro turno, não passa da casa dos 5%. Alckmin está sob a mira da Operação Lava Jato e pode se tornar réu a qualquer momento. No caso tucano, o declínio também se deve às denúncias sofridas pelo senador mineiro Aécio Neves, um dos que despontou como "voz da moralidade", em 2014, e que acabou abatido pelo Ministério Público, pelo Judiciário e pela opinião pública.
Insatisfação latenteO bom desempenho de figuras como Marina Silva, Bolsonaro e Joaquim Barbosa nas pesquisas de intenção de voto, segundo cientistas políticos, é a confirmação de que há uma insatisfação latente com a política tradicional.
"O fenômeno já estava aí, porém havia a ausência de um nome que pudesse canalizar a insatisfação com os políticos. Uma interpretação possível é que o eleitor está olhando para esses nomes e pensando que a solução dos nossos problemas está fora do modelo tradicional", avalia o professor de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), Glauco Peres da Silva.
Parte de uma perspectiva essencialmente pragmática que nomes como o do senador Álvaro Dias (Podemos), com meio século de carreira política, queiram passar a imagem de movimento, de novidade, pegando carona na tendência do presidente francês Emmanuel Macron. Essa busca de diferenciação também é o caso de Bolsonaro, no Congresso há mais de 20 anos e cujos filhos também estão em casas legislativas pelo País. O presidenciável Paulo Rabello de Castro (PSC) foi presidente do BNDES até então, fazendo parte da gestão de Michel Temer e Marina Silva, indo para sua terceira campanha presidencial, foi senadora e ministra do Meio Ambiente no governo Lula.
O jogo democrático, praticado por políticos profissionais, tem sido visto com maus olhosÉ como se o modelo brasileiro de democracia tivesse chegado no seu limite. A Operação Lava Jato, nesse sentido, é um dos fatores determinantes para essa crise de representação. Em artigo publicado na Revista Piauí, o cientista político Celso Barros Rocha analisa a conversão da Lava Jato em força política, cujo objetivo implícito foi "atacar o sistema político como um todo". "Longe de dar poder a um outsider, a turbulência política no Brasil derrubou Dilma Rousseff para promover uma extraordinária recomposição do sistema", acredita.
Celso Barros Rocha sinaliza que os partidos políticos vinham perdendo legitimidade, mas a alternativa a eles foi, por um bom tempo, o desinteresse e a abstinência total. Agora eles precisam lidar com a concorrência de "movimentos populistas agressivos". “A bomba atômica da Lava Jato tornou a política partidária brasileira inutilizável pela indignação popular. E, como seria de se esperar, a indignação popular, sozinha, não é suficiente para construir partidos: é bem mais fácil fazer uma passeata ou um linchamento com a indignação popular do que uma aliança partidária ou uma composição de interesses semelhantes”, esclarece.
O professor Glauco Peres da Silva observa que, para todas as profissões, espera-se que profissionais deem conta do recado e sejam melhores do que amadores. "Isso serve para médicos, advogados, jornalistas. Por que seria diferente para os políticos? Atribuir a uma questão de índole a causa da nossa crise institucional é um equívoco", pondera. O analista reitera que o presidencialismo de coalizão demanda muito, exige um político hábil, capaz de articular bem e que uma pessoa de fora pode ser imprevisível.
Esse desânimo do eleitorado com a política em geral se deve, também, ao fato de que não conseguimos criar lideranças capazes de propor uma alternativa viável. "Essa descrença também foi causada pela velocidade com que o sistema partidário foi atacado e destruído. As condenações da Lava Jato colapsaram o sistema partidário. Não que não merecesse, mas o sistema entrou em crise e não houve tempo de recuperar", explicou.
É paradoxal e sintomático que alguém como a ex-presidente Dilma Rousseff, que buscou passar uma imagem de "gerente" e "durona", tenha sido repelida no Congresso. No sentido oposto, políticos experimentados, tradicionais e impopulares, como o presidente Michel Temer (MDB), alvo de denúncias consistentes, se esquivam da Justiça.
Os outsiders estão em alta na corrida presidencial, mas em 2014 os maiores partidos elegeram as maiores bancadas para o Congresso nacional. E o fundo eleitoral de R$ 1,7 bilhão, a ser usado esse ano, tende a manter a maior parte dos atores políticos do Legislativo, o que solidifica as estruturas tradicionais. Formar coalizão nesse contexto é uma tarefa ainda mais difícil.
O escritor francês Jacques Rancière, no livro Ódio à Democracia (2005), imagina que "o bom governo democrático é aquele capaz de controlar um mal que se chama simplesmente vida democrática". "A aflição dos indivíduos democráticos é a dos homens que perderam a medida pela qual o 'Um' pode se conciliar com o múltiplo e os 'uns' podem se unir em um 'todos'", analisa, frisando que esse poder central, na democracia, é inevitavelmente assimétrico. A ideia, no caso brasileiro, é buscar um consenso, uma forma de unificação que permita o restabelecimento do princípio democrático onde o bem-estar social seja prioritário.
Por: Ulysses Gadêlha, da Folha de Pernambuco

sábado, 21 de abril de 2018

Feriadão de Tiradentes: algumas curiosidades sobre o herói nacional



Dia 21 de abril é dia de Tiradentes, feriado nacional aqui no Brasil. Como historiador e professor de História, tratar deste assunto é fundamental. Porém, para não abordá-lo da mesma maneira que “zilhas” de historiadores em seus blogs e sites, vamos fazê-lo de forma diferente. Vou apresentar nesta lista, algumas curiosidades acerca deste homem que foi transformado em herói nacional.
As pinturas de Tiradentes mostradas no artigo foram feitas, respectivamente, por Décio Villares, Pedro Américo e Cândido Portinari. Percebam que todos eles representam Tiradentes como Cristo, apesar do rosto verdadeiro nunca ter sido realmente conhecido.
Pintura de Tiradentes com cabelos e barbas longas, feita por Decio Villares
– Seu nome completo era Joaquim José da Silva Xavier. Nasceu no ano de 1746, na Fazenda do Pombal, distrito de São João del Rey, em Minas Gerais. Porém, não há registro da data de seu nascimento, apenas do seu batismo, em novembro daquele mesmo ano.
– Ao contrário do que seu apelido insinua, Tiradentes não suportava arrancar dentes. Ele era muito mais a favor de preservar os dentes do que arrancá-los. Porém, quando arrancar era irremediável, ele colocava coroas artificiais, feitas de marfim e de osso de boi, que ele mesmo fabricava.
– Aos 40 anos, se apaixonou por Ana, uma menina de 15 anos, mas ela já estava prometida a outro homem. Tiradentes nunca se casou, mas teve 2 filhos – João, com Eugênia Joaquina da Silva, e Joaquina, com a viúva Antônia Maria do Espírito Santo.
– Tiradentes tentou várias profissões: dentista, tropeiro, minerador e engenheiro. Entrou, então, para a Sexta Companhia de Dragões de Minas Gerais, como alferes, uma espécie de segundo-tenente.
– Tiradentes está diretamente ligado ao movimento que ficou conhecido como “Inconfidência Mineira”. Os historiadores preferem “Conjuração Mineira” já que o que aconteceu em Minas Gerais foi um ato organizado para conquistar a independência do país e não um ato de deslealdade, traição ou infidelidade, que servem para traduzir a palavra inconfidência.
Pintura de Tiradentes esquartejado, feita por Pedro Américo
– Segundo relatos da época, Tiradentes era alto, magro e muito feio. Ele nunca usou barba e cabelos longos. Como militar, o máximo que se permitia era um discreto bigode. Ele foi enforcado no Rio de Janeiro, com a barba feita e o cabelo raspado, no dia 21 de abril de 1792.
– “Pois seja feita a vontade de Deus. Mil vidas eu tivesse, mil vidas eu daria pela libertação da minha pátria”, teria dito Tiradentes ao ouvir serenamente a sua sentença de morte.
– Após o enforcamento, seu corpo foi esquartejado. As 4 partes foram postas em alforjes com salmoura, para serem exibidas no caminho entre Rio de Janeiro e Minas Gerais. A casa de Tiradentes em Vila Rica foi demolida, e o chão, salgado, para que nada brotasse naquele solo.
– A cabeça de Tiradentes foi levada do Rio de Janeiro para Vila Rica, em Minas Gerais e ficou exposta num poste em praça pública. Na terceira noite, foi roubada e nunca mais foi encontrada.
– Foi no Rio de Janeiro que Tiradentes entrou em contato com as idéias revolucionárias iluministas. O que poucos sabem, é que ele também se dedicou a projetos de melhoria urbana do Rio. Idealizou abastecimento regular da cidade, construção de moinhos, trapiches, armazéns, além de serviços de barcas de transporte de passageiros.
Pintura de Tiradentes esquartejado, feita por Cândido Portinari
– Ironicamente, 30 anos depois de ter projetado essas melhorias, Dom João VI mandou fazer a canalização do rio, seguindo os planos de Tiradentes. Em 1889, exatamente 100 anos depois, o engenheiro André Paulo de Frontin canalizou as águas da Serra do Tinguá, dentro dos mesmos moldes arquitetados pelo inconfidente.
– Tiradentes não foi considerado um herói tão logo morreu e só passou a ser cultuado 98 anos após a sua morte. Como defendia idéias iluministas republicanas e antimonarquistas, durante o período imperial brasileiro, seu nome quase não era citado.
– Em 1870, o movimento republicano o elegeu como mártir cívico-religioso e antimonarquista. A data de sua morte tornou-se feriado nacional em 1890. A primeira pintura oficial também data deste ano, de autoria de Décio Villares, que apresenta Tiradentes como Cristo, com barbas e cabelos longos.
– Tiradentes teve também exaltada sua imagem de militar patriota, quando nomeado patrono da nação pelo governo militar, em 1965, enquanto os movimentos de esquerda não deixaram de recorrer a ele como símbolo de rebeldia.
– Tiradentes é o único brasileiro cuja data de morte se comemora com um feriado nacional. É também o mais citado no Google, com mais de 2 milhões de páginas de referência no buscador.

O saneamento de Iguatu tem que sair do papel

Não podemos aceitar que uma cidade, com mais de 100 mil habitantes continue sem o seu saneamento básico, Iguatu, capital de uma região, cidade pólo na educação e saúde, não ter o seu esgoto tratado é algo inaceitável.

Após 165 anos, observamos vários municípios da região avançarem no tratamento do seu esgoto, enquanto isto, ainda estamos com projetos no papel. Nos últimos dias, o assunto foi bastante debatido na Câmara Municipal de Iguatu. 

Onde uma proposta da atual gestão municipal coloca uma parceria entre o SAAE e o BNB e que teria como resultado a implementação do saneamento em toda cidade. O momento é de debates, todos desejam saber, compreender como será esta parceria e grupos de situação e oposição na Casa do Povo Iguatuense estão fazendo isto.

Mas o que todos esperamos nisto tudo, é que este projeto saia do papel, no passado recente foi apresentada uma proposta para a realização do saneamento básico em toda cidade, e ficou apenas nas reportagens que estão registradas nas redes sociais. Me lembro que a questão política e promessas que não foram cumpridas tiveram um efeito devastador, onde as pessoas até hoje não acreditam que algum dia teremos o esgoto aberto longe das nossas casas.

É hora da sociedade organizada participar deste debate, igrejas, entidades de classe, ONGs, escolas, todos devem demonstrar que não podemos mais permanecer como está.

Perdemos muito tempo, oportunidades de gerar empregos, atualmente empresas desejam se instalar em municípios que tratem o seu esgoto, perdemos na saúde, quantas pessoas são atendidas em nossos hospitais vítimas de doenças que estão ligadas a falta de saneamento.

Perdemos na proteção das nossas águas, imaginem cerca de 75 mil pessoas , diariamente produzindo esgoto e sendo jogado no solo da nossa cidade e poluindo o lençol freático que é tão importante para o abastecimento de Iguatu.

Além disso, estamos ajudando a poluir o nosso gigante Rio Jaguaribe que diariamente recebe toneladas de esgoto. Estamos perdendo muito e  isto apenas chegará ao fim com a participação de todos.

Espero que o prefeito Ednaldo Lavor perceba que o envolvimento da sociedade neste debate é importante, a transparência das ações nesta etapa é fundamental para que se evite um distúrbio do que está sendo apresentado. 

Esta é uma obra que se for concluída , não será vista todos os dias pela população, mas o gestor e todos os políticos atuais, tem a possibilidade de entrarem para a história como aqueles que deram dignidade ao nosso povo e colocaram Iguatu na trilha do desenvolvimento sustentável.  

quarta-feira, 18 de abril de 2018

A magia das chuvas no Nordeste


Quando as torres do nascente
No céu começam a subir,
O nordestino se alegra,
Fica feliz a sorrir.
É sinal que a chuva esperada
Não vai demorar a cair.

Quando o céu escurece,
O povo agradecido,
Aumenta as suas preces.
De oração em oração
Vê a chuva molhar o chão
Que de umidade carece.

É água pra todo lado,
É muito sapo a coaxar,
Vegetação vestindo verde,
É o inverno a chegar.
É a esperança brotando,
No chão do meu Ceará.

O agricultor com a enxada
Cantarola pelo caminho.
A rolinha acasalada
Na árvore ajeita seu ninho.
O gado pasta com gosto,
Gorjeiam os passarinhos.

É tempo de alegria,
É tempo de plantação,
Mais um pouco na panela,
Fartura de milho e feijão
É inverno e vida nova,
Chegando ao meu sertão.

Só sabe, mesmo, da alegria,
Da água molhando o chão,
Quem, como eu, já morou
Lá pras bandas do sertão,
E viu a seca inclemente
Queimando o seu torrão.

Dalinha Catunda é Acadêmica da ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel. A imortal ocupa a cadeira de numero 25 que tem como patrono Juvenal Galeno, poeta e folclorista cearense.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Situação do Açude Trussu é crítica

A quadra invernosa vai passando e o nosso principal manancial que é o Açude Roberto Costa não está tendo a recarga que tanto desejamos. Sem chuvas em Acopiara, Catarina e Jucás, os rios que abastecem o Trussu estão sem força, secos e consequentemente sem aumentar o seu nível.

Sabemos que Deus define tudo e este panorama poderá mudar com chuvas torrenciais que podem acontecer em qualquer parte do Nordeste neste período. Mas já está na hora de termos o pensamento de economizar a nossa água, pequenas ações que fazem uma enorme diferença, fechar a torneira na hora de escovar os dentes, quando estiver ensaboando o corpo, fechar o chuveiro, não lavar a calçada com água e também os carros, utilizando mangueira e jorrando o líquido que é tão precioso.

Estamos apenas com 07% de água, o SAAE de Iguatu que faz um trabalho brilhante para que tenhamos água de qualidade em nossas casas, começa a ter um trabalho maior, pois as águas do nosso Açude Trussu, está perdendo aos poucos a sua qualidade.

Escrevo neste momento, bastante preocupado, após entrevistar o amigo Anatarino Torres que atua na COGERH, e ouvir dele que a situação é crítica do Trussu e todos devem fazer a sua parte. 

Além de economizar e trabalhar com a prevenção, devemos fazer uma outra atitude, rezar, orar, pedir ao nosso Deus que nos envie chuvas nas cabeceiras dos Rios Trussu e Ererê, para que abasteça o gigante Roberto Costa e assim nos garanta até 2019, o líquido precioso em nossas torneiras. Que nosso pai nos atenda... 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Em artigo, Marina Silva pede que Temer abdique do cargo; leia a íntegra

A ex-ministra Marina Silva, líder da Rede Sustentabilidade, sugere em artigo que Temer renuncie. No texto, diz que o presidente ''perdeu a majestade''. Leia.
Rei de si mesmo
Espero que o homem das letras Michel Temer, nestes dias em que se senta à cadeira presidencial no Palácio do Planalto, possa lembrar-se de um livro que certamente leu, “Rei Lear”, do genial William Shakespeare. Apesar de minha entrada tardia no mundo letrado, ainda me considerava jovem quando o li pela primeira vez. Entretanto, o que mais me impressionou e foi para mim o ensinamento mais significativo, não foi a sagacidade de serpente das ambiciosas filhas mais velhas do rei, Goneril e Regana, nem a simplicidade de pomba da dedicada e fiel Cordélia, mas a paradoxal sensatez do bobo da corte, que não mediu palavras para admoestar seu senhor, dizendo-lhe de forma amorosa, ainda que irreverente: “tu não deverias ter ficado velho antes de ter ficado sábio”. Já não me considero tão jovem aos 58 anos e confesso que não é fácil revisitar a repreensão do bobo, quando ainda careço do atributo que ele exige.
Numa primeira e superficial olhada, a tragédia protagonizada por Lear parece simbolizar as agruras trazidas pela velhice do corpo. Mas a sentença do bobo estende-se a todo tipo de envelhecimento sem o indispensável preparo da sabedoria, tanto das pessoas quanto das instituições e de toda a civilização. E talvez o maior dano causado por essa irremediável falha ocorra exatamente quando acomete os alicerces do poder e das instituições, os paradigmas da ciência e da filosofia, os estímulos que ensejam o processo criativo da arte e as estruturas que sustentam as verdades das religiões. Para tudo isso pode –e inevitavelmente vai– chegar a velhice, que, sem o atenuante benéfico da sabedoria, traz males irremediáveis.
O exemplo está no lamento de Tirésias: “como é terrível saber, quando o saber de nada serve a quem o possui.” Está também no castigo de Procusto, que acabou por ter que deitar na cama que usava como armadilha para ajustar o tamanho dos outros a seu deleite cruel e egoísta. E, certamente, está na mulher do julgamento de Salomão, que se descredenciou como digna do filho a quem dizia tanto querer por ter preferido retê-lo morto, partido ao meio, ao invés de deixá-lo vivo no seio de outra mulher.
Nestes momentos, que a moda é chamar de “estranhos e difíceis”, a maior dificuldade vem da estranheza que sentimos com impotência da política. Ao invés de ser instrumento para nos ajudar a resolver os problemas, a política tornou-se uma fonte geradora de mais e maiores problemas. A política, ao que parece, envelheceu sem sabedoria.
Em tal situação, resta buscar em outros suportes do espírito humano, ainda mais antigos, a sabedoria que possa acorrer em nossa ajuda. Primeiro na fé, a bem-aventurança da humildade que ensina: quando somos fracos é que somos fortes. Mas a arte também pode nos ensinar, e eis a genialidade da tragédia shakespeariana de Rei Lear: quem não tem grandeza para abrir mão de ser rei quando já perdeu a majestade, induz à total insurgência, aquela em que o sujeito insurgiu-se contra tudo e contra todos, inclusive e sobretudo contra si mesmo.
Essa sabedoria a arte herdou da mitologia, como mostram os insights de Joseph Campbell: o que institui o herói como tal, não é a sua extraordinária coragem para vencer a permanência do medo nem a grandiosidade de seus feitos sobre-humanos em concorrência com os poderes dos deuses, mas a humana e frágil decisão de não recusar-se ao chamado.
Saber qual é o seu verdadeiro chamado é uma arte. E isso só se pode entender após os benéficos resultados de não tê-lo recusado, pois o que o recusa, ensina Campbell, perde-se para sempre, principalmente de si mesmo –e jamais será reencontrado.
O chamado, na maioria das vezes, não dá sinais de que é um chamado. Ele apenas nos compromete e implica. Pode ser para lutar, como Davi; para não reagir, como Gandhi; para perdoar, como Mandela; para doar, como Tereza de Calcutá; para surpreender, como Duchamp; para revolucionar, como Simone de Beauvoir; para preservar, como Chico Mendes. E tudo o que todos esses fizeram –da forma mais eficaz que se pode fazer, que é com o exemplo extraído da própria vida– foi admoestar, mesmo correndo o risco de parecer bobagem, como o bobo da corte de Lear.
Aliás, as melhores admoestações vêm mais das bobagens ditas a nosso respeito pelos que nos são distantes do que dos próximos, que às vezes nos usam como boia na tentativa de não naufragarem em suas próprias insuficiências. Costumo dizer que Deus, em sua misericórdia, nem sempre manda anjos para nos ajudarem lançando flores em nosso caminho. Na maioria das vezes, atiram pedras e cravam espinhos. Cuidemos para que algum não nos chame à luta corporal e nos possa ferir “sobre a juntura da coxa”, como fez com o insistente Jacó. Esforço-me para ser grata pelos que, de vez em quando, encontro no caminho.
Por isso penso que o mais importante é entender e atender ao chamado. Quando não o atendemos, precisamos que a misericórdia de Deus nos venha em socorro, como fez com Jonas pela boca do peixe, para nos conduzir ao lugar onde o dever se realize.
Ocorre-me que é por isso que a velha e sábia Educação sempre deu tanta importância ao que se chamava de “vocação” (vocatio = chamado), assim como a política antes de envelhecer dava importância à utopia, muito mais que ao pragmatismo.
Em algum ponto perdeu-se o ideal, deixou-se de ouvir o chamado, e a maior parte da geração que está no poder parece irremediavelmente perdida. Mas ainda nos reencontraríamos se, num momento de sabedoria, ouvíssemos o chamado do bobo shakespeariano que também ecoa nos versos de Pessoa: “Abdica, e sê rei de ti mesmo”.
Poder 360

sábado, 14 de janeiro de 2017

Disputa coxinha x petralha nas redes é doentia e mata diálogo, diz filósofo

No lugar de uma esfera homogênea e lisa, um poliedro multifacetado. Foi essa a metáfora usada pelo papa Francisco, há três anos, para definir a humanidade no discurso em que falava sobre a importância de as pessoas respeitarem a pluralidade de opiniões. Na ocasião, o pontífice argentino se posicionava contra o nivelamento das ideias e de ações que acaba por excluir determinados grupos sob o pretexto de eliminação da diferença.
Para o cientista político Fernando Schuler, doutor em filosofia e professor no instituto Insper, em São Paulo, o poliedro também expressa a diversidade dos pontos de vista na internet, sobretudo nas redes sociais, que torna, de algum modo, qualquer um apto a opinar sobre o que bem entender --e sem os filtros de quem, antes disso, se presumia especialista em um assunto.
Segundo ele, é importante não confundir pluralidade com respeito à diversidade. Nessas mesmas redes está cada vez mais pulverizado um moralismo de costumes que elenca quais palavras, expressões ou piadas convêm ou não serem reproduzidas em um universo politicamente correto. Segundo ele, é preciso aprender uma nova diplomacia para o mundo digital.
Ele discorda da opinião de que o conservadorismo avança no mundo e cita a eleição de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos para explicar sua posição.
"O próprio Trump nunca foi um conservador. Hoje o que se chama de conservador é bastante associado a um moralismo de costumes muito popular nas redes sociais. Há alguns anos, as visões sobre fatos históricos eram filtradas pelos intelectuais, pela academia. Hoje, as visões brotam, fluem diretamente nas redes", diz. "Não é correto confundir tradição política conservadora com o moralismo de costumes, traço popular que talvez tenha se pulverizado nas redes sociais e que trata de um moralismo do politicamente correto, com uma espécie de novilíngua que traz quais palavras se pode ou não dizer, ou que tipo de piada, por exemplo."
Sobre o racha político, agravado pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), diz que o mundo mudou: "É importante aceitar a ideia de que a sociedade é marcada pelo pluralismo, e o novo mundo quebrou essa cisão de esquerda e direita. Vale o poliedro mencionado pelo papa, e não mais aquela imagem da régua de esquerda e direita, que vai sendo substituída", afirma. "O embate 'coxinhas x petralhas', por exemplo: há algo mais doentio que isso, que só cria mais desaprendizado e falta de diálogo? Se queremos uma sociedade menos radicalizada, temos que começar pelo uso da linguagem --e na internet não é diferente", argumenta.
Vamos ter que aprender uma nova diplomacia no mundo digital, talvez com uma linguagem mais amena, no lugar de tanta ênfase
Fernando Schuler, cientista político
Para o estudioso, por outro lado, a própria multiplicação de blogs e de redes sociais, característica marcante do universo digital, é "uma das grandes fontes da instabilidade contemporânea".
"Temos sempre a sensação de instabilidade. Isso tem um lado imensamente positivo, que é a capacidade de as pessoas expressarem suas visões. Mas há a permanente sensação de conflito, de tensão, de tribalização, em que se tende a excluir quem pensa diferente", analisa.
"Isso requer das pessoas um novo aprendizado: vamos ter que aprender uma nova diplomacia no mundo digital, talvez com uma linguagem mais amena, no lugar de tanta ênfase. Estamos virando uma sociedade com uma legião de pessoas especialistas nas próprias opiniões."

Estado permanente de crise

Para Schuler, a percepção do aumento do conservadorismo no mundo abrange um simplismo que só dificulta a compreensão sobre as relações humanas. "Você pode ser uma pessoa muito liberal sob o ponto de vista dos costumes, mas conservador --muito avesso a liberdades--, por exemplo, sob o ponto de vista econômico, ou vice-versa", menciona. 
"Mesmo os indicadores sociais vêm apresentando melhoras expressivas no mundo inteiro, com uma redução dos índices de violência e de pobreza, um aumento de escolaridade e do número de democracias... Vivemos em uma época histórica de notícias muito positivas, mas também estamos constantemente sob o 'efeito breaking news', em que nossa percepção de mundo não acompanha esse momento --é uma percepção multifacetada graças ao efeito da informação. No mercado de informação, a má notícia tem mais peso que a boa --isso é um paradoxo do mundo contemporâneo", justifica Schuler.
Ele diz que há uma "percepção permanente de crise, de instabilidade". "Não é à toa que post-truth [pós-verdade] foi escolhida [pelo dicionário britânico 'Oxford'] como a palavra do ano. Como já dizia [o sociólogo e filósofo francês] Jean Baudrillard, o mundo virtual tomou de assalto o mundo real."
Paralelamente, o cientista político afirma que há riscos em se deixar tomar de assalto pelo que está nas redes, simplesmente, na forma de "opinião não fundamentada". "Porque a informação é rápida, e o custo para checar uma opinião --que vai se tornar obsoleta em poucas horas-- é muito alto. Por isso a regra geral deve ser sempre a de ter muito cuidado, qualquer que seja o aspecto ideológico. Na campanha presidencial americana, por exemplo, não há nenhum dado estatístico sobre de onde veio mais mentiras, porque, ainda que a maior parte da mídia tradicional tenha se posicionado a favor de Hillary Clinton, nas redes sociais aconteceu de tudo."
O estudioso recomenda "uma abordagem cuidadosa e pluralista" em relação à informação nas redes e cita o que ele chama de "caso clássico": a entrevista recente da futura primeira-dama da cidade São Paulo, Bia Doria, à "Folha de S.Paulo". "Ela recebeu uma espécie de 'apedrejamento' virtual ao expressar um padrão cultural distinto, que, embora a mim não agrade, é um direito dela. A gente tem que cuidar para não padronizar as opiniões", sugere, destacando que isso representa "cair na falácia dos extremos".
"A sociedade pode buscar consensos, mas é preciso aceitar as divergências, inclusive sobre os ritmos de aprendizagens. A sociedade detentora de direitos é marca do nosso tempo, mas, simultaneamente, precisamos desenvolver um espírito de tolerância cultural --e isso tem que ser aplicado a muitas faces do poliedro", avalia.
BOL

sexta-feira, 17 de junho de 2016

A frase da semana

Petrobras é 'a madame mais honesta dos cabarés do Brasil', diz Sérgio Machado

Segundo ex-presidente da Transpetro, há casos piores de corrupção com ‘práticas menos ortodoxas’





quinta-feira, 16 de junho de 2016

Rádio Liberdade AM de Iguatu, há 54 anos que é a " Rádio do Povo"

Há 54 anos iniciava os seus trabalhos na comunicação de Iguatu e Centro-Sul a Rádio Liberdade com o seu prefixo 870 AM. Inicialmente através do grupo Iracema que m Fortaleza determinou a instalação de três emissoras de rádio no interior do Ceará. Sobral, Juazeiro do Norte e Iguatu foram as cidades escolhidas.
A Terra da Telha passava a ter uma emissora de rádio comercial no dia 16 de junho de 1962, uma grande festa foi realizada na sede da atual Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Iguatu que fica próxima aos Correios.
Várias personalidades marcaram presença, Dom Mauro que tinha chegado ao município há poucos meses, lideranças políticas e comunitárias participaram deste momento.

Chico de Paulo em nosso programa A Voz do Centro Sul
O primeiro microfone utilizado pela emissora está guardado no museu da imagem e do som, um RCA, fabricado na Alemanha, o diretor do museu e amigo, Chico de Paula, nos concedeu uma entrevista ao vivo nesta quinta-feira, em nosso programa A Voz do Centro Sul e falou com detalhes desta data, “ foi uma grande festa na cidade, todos queriam conhecer as instalações da emissora que foi a primeira da região, todos que desejassem receber notícias, enviar recados e ouvir as músicas que embalavam a época, escutavam a Rádio Iracema que era um grupo muito forte na área da comunicação naquela época”, lembra o historiador.
Momento da inauguração há 54 anos 

E com o passar dos anos, algo foi sendo fortalecido em Iguatu e que continua até os dias de hoje, a emissora possui um elo muito forte com o povo, uma ligação que não é estremecida com o passar dos tempos, mesmo com a chegada de outras emissoras de rádio, mas a convicção de boa parcela da população em acompanhar as notícias através da antiga Rádio Iracema e Cidade, e atual Liberdade é algo que continua a acontecer, e com o advento da internet a emissora passa a ser um canal de comunicação para muitos iguatuenses e moradores de outras cidades que desejam ouvir e acompanhar o dia a dia da cidade e região.
"Vasco" foi o primeiro comunicador

Muitos comunicadores passaram pela emissora e marcaram seus nomes com o belo trabalho realizado e que teve como resultado a continuação da liderança por quase seis décadas.O primeiro locutor da emissora foi Francisco Assis de Vasconcelos (Vasco), depois muitos passaram e  o  J. Jaime, Assis Araújo, Laelson Teixeira “Sukita”, J. Alberto, Wilson Melo, Nonato Albuquerque, Rosário Daniel, Tércio Júnior, Alberto Brion, Marlene Teixeira, Maronildo Lima, estes é o que me vem na memória, mas a todos que não foram citados neste momento, me desculpem, e fica aqui o nosso obrigado.
Atualmente , através do apoio de DrºJosé Ilo Dantas, familiares e amigos a emissora continua a avançar no tempo e passa a priorizar o jornalismo, com aproximadamente dez horas de programação jornalística, a emissora percebe que pen drives, cds e celulares tocam música o tempo todo e passaram a ser o primeiro plano para muitas pessoas no momento e investe na comunicação, a informação é a busca atual de milhares de ouvintes que estão a sintonizar a emissora.

E com a equipe atual formada por Pinheirinho, Ozemar Rodrigues, Fernandes Neto, Jailton Amorim, Raul Rodrigues, Djacir Araújo, Roberto Santos, Edson Fernandes, Olinda e Jeová Barros, Vieirinha, Rildo Lacerda, Rubens Duarte, Zilfran Lima, Ana Lúcia, Sukita e com a direção de Marcelina Rodrigues, a Rádio Liberdade continua a escrever sua história, são poucas as emissoras que chegam a 54 anos e continuam com a credibilidade diante de uma população que escuta, acredita e respeita esse nome, essa marca, este grupo.
O que o futuro espera? A mudança para a frequência de FM, som limpo, estúdio com novas tecnologias, mas com a mesma característica que marcou e marcará a sua história nos próximos anos e décadas...definitivamente é a “Rádio do Povo”, algo que nenhuma emissora em Iguatu conseguiu ter e dificilmente conseguirá alcançar com tanto êxito esta característica.
Parabéns a todos e obrigado aos ouvintes por nos acompanhar nesta trajetória, um forte abraço do “Bandoleiro”, Alex Santana.


sexta-feira, 10 de junho de 2016

Iguatu na construção do "Parque Industrial", mas do conhecimento

Agenor Neto e Eunicio Oliveira no Ministério da Educação na busca da Faculdade de Medicina
Iguatu possui um enorme potencial para ser a cidade que oferece para a região a “Indústria do Conhecimento”, com tantas dificuldades para atrair empresas e gerar os tão sonhados empregos em várias cidades, durante esta crise que vivemos, a saída é transformar o município em um pólo de ensino universitário.
Vários municípios seguiram esta linha e hoje são verdadeiros centros desenvolvidos, cidades do litoral ao sertão, de norte a sul deste país, perceberam esta possibilidade de alcançar um público que procura o conhecimento. Estudantes de várias idades, que desejam estar ao lado de familiares e se tornarem profissionais em diversas áreas, através de universidades localizadas em centros não tão distantes do seu lar.
E Iguatu trilha para este caminho, a Faculdade de Medicina que será implantada na cidade, faz parte deste processo, e irá somar a outras instituições universitárias que já existem na Terra da Telha, colocando definitivamente o município no roteiro de milhares de pessoas.

“ É com esta visão que procuro trazer para a cidade e região, esta faculdade de medicina e outras entidades que lutamos para que estivessem aqui, a indústria do conhecimento que você coloca é o que todas as cidades procuram, mas para isto, o município precisa ter uma estrutura física importante, como hotéis e pousadas, uma rede de alimentação, restaurantes e um comercio que atenda a demanda que será gerada com a chegada de estudantes e seus familiares e amigos, aí tem início uma nova ciranda financeira que resulta na entrada de dinheiro no município em uma escala que não podemos imaginar”, prevê o deputado Agenor Neto que é o principal articulador na criação deste parque industrial do conhecimento em Iguatu.    

quinta-feira, 2 de junho de 2016

55 x 26 é o placar do impeachment no Senado a favor de Temer

Renan Calheiros anunciou que  ficará de fora  na derradeira votação do impeachment, aquela que exigirá dois terços dos senadores para afastar, em definitivo, Dilma Rousseff da presidência da Republica. Abstendo-se de votar, o atual presidente do Senado deixará Michel Temer na dependência de apenas um voto para perder  a interinidade e assistir o retorno de Madame ao Palácio do Planalto até 2018. Nem por milagre será possível prever o resultado.  Com 54 votos, Dilma volta. Com 55, continuará desaparecida.  Fica claro quanto vale um voto, para mais ou para menos.
Óbvio que alguma coisa saiu errada, quando o Supremo Tribunal Federal e o Congresso se dispuseram a regulamentar o instituto do impeachment, alterando as regras que vinham de 1950 e, depois, de 1992. Nada seria mais natural que decidir sobre o afastamento de um presidente da República com uma regra só: ou por maioria simples ou por maioria de dois terços, nas duas casas.   Misturar os números, ainda mais um valendo para a Câmara, outro para o  Senado, seria passaporte para a confusão. Como está sendo. Em especial, quando a Câmara  dispõe de 313 deputados e o Senado, 81. Aquela decidindo por  maioria simples, este por dois terços. Em suma, o caos. Carlos Chagas

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Ceará Pacífico ou Carandiru Cearense?

Um cadáver humano em chamas é revirado e vilipendiado com um cabo de vassoura, enquanto várias pessoas ao redor celebram aquela morte. Poderia ser apenas uma produção cinematográfica de gosto duvidoso, mas é a realidade atual do sistema penitenciário cearense, que apresenta um cenário de fugas em massa, cadeias destruídas, assassinatos brutais, decapitações, enfim, um verdadeiro estado de selvageria.

No penúltimo fim de semana, uma série de rebeliões foi deflagrada em diversas unidades prisionais do Ceará. Os números da barbárie ainda estão desencontrados, mas já se fala em cerca de quase 30 mortos nas unidades prisionais, um massacre, além de numerosas fugas e da destruição significativa das estruturas carcerárias. A suspensão das visitas em decorrência da greve dos agentes penitenciários foi apenas o estopim da crise que assola o nosso sistema penitenciário, que é fruto de um represamento de deficiências históricas e passa, necessariamente, pelo ócio prisional.

As penitenciárias brasileiras cumprem o papel de isolar da sociedade os indivíduos perigosos, mas não os recuperam. Sendo pouco estimulados no ambiente penitenciário, os presos afundam-se ainda mais no pântano da criminalidade. É preciso estimular o sentimento de “utilidade social” dos detentos que, uma vez preenchedores dos requisitos legais, poderão ter uma oportunidade de trabalho e, assim, buscar o resgate da dignidade humana. Apesar do reconhecido esforço da Secretaria da Justiça em ativar programas e projetos, dos mais de 22 mil presos cearenses nem 10% deles possuem alguma ocupação como estudar ou trabalhar.

Por outro lado, as empresas e o mercado de maneira geral só aproveitarão a força de trabalho dos egressos se estes estiverem devidamente qualificados e imbuídos da vontade de (re)inserir-se no cenário laboral. Não se trata de privilegiar aqueles que causaram mal à sociedade, mas, sim, de fraturar o círculo vicioso da reincidência e encontrar uma solução para o panorama apocalíptico que nos aflige, afinal, como escreveu Evandro Lins e Silva: “Os egressos do cárcere estão sujeitos a uma outra terrível condenação: o desemprego. Pior do que isso tudo, são atirados a uma obrigatória marginalidade. A sociedade que os enclausurou, sob pretexto hipócrita de reinseri-los depois em seu seio, repudia-os, repele-os, rejeita-os. Deixa, aí sim, de haver alternativa, o ex-condenado só tem uma solução: incorporar-se de vez ao crime ’’.
 Leandro Vasques
leandrovasques@leandrovasques.com.br
Advogado, diretor consultivo da Escola Nacional de Advocacia (ENA) e vice-presidente do Conselho Estadual de Segurança Pública

Via O Povo

quinta-feira, 17 de março de 2016

O desabafo de um Bispo sobre a situação do país


A SITUAÇÃO DO NOSSO PAÍS É GRAVÍSSIMA:
Crise econômica,
Crise política,
Crise institucional,
Crise moral!

A democracia brasileira corre perigo! O País foi roubado dos brasileiros! Os que governam se sentem dispensados de dar satisfações ao Povo; não respeitam as instituições, zombam da justiça!

A sordidez, a desfaçatez e o escárnio tornaram-se método de governar e fazer política! O Congresso Nacional trai e abandona o Povo brasileiro! Cargos, comissões, sinecuras: é tudo quanto nossos parlamentares procuram! Congresso indigno, Congresso omisso, eivado pela tortuosidade!

É preciso dar um basta a tudo isto! O Povo brasileiro deve retomar o seu País, deve recobrar a sua Pátria, a sua dignidade, a sua honradez!

O Brasil está desonrado, o Povo brasileiro está ferido em sua dignidade! É o futuro da Pátria que está em jogo!

É preciso cobrar com convicção e firmeza um posicionamento claro do Congresso Nacional! Mas, como, com os líderes que estão ali?

Enquanto isto, crise, desemprego, tensão, desânimo, total falta de esperança! O Brasil não tem líderes! Estão destruindo a jovem democracia brasileira, estão colocando em risco o que se construiu com tanto sacrifício!

Que o Povo não o permita!
Que o Povo fale! Que o Povo brade!
O Brasil é dos brasileiros!"

** Publicado Por Dom Henrique Sorares da Costa, Bispo da Diocese de Palmares, Olinda e Recife, no Facebook, em 16/3/016 às 19h10