quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Datafolha no Ceará: eleição está nas mãos dos indecisos

Dois pontos separam Eunício Oliveira (PMDB) de Camilo Santana (PT), segundo pesquisa Datafolha para o governo do Ceará: 39% a 37%. O levantamento foi publicado nesta quarta-feira pelo jornal O Povo, com margem de erro de três pontos para mais ou para menos, configurando empate técnico. Mesmo assim, numericamente, Eunício lidera e Camilo permanece em segundo. Eliane Novais (PSB) e Ailton Lopes (Psol) têm 1% cada.
Difícil leitura
A disputa está de tal forma apertada que ninguém arrisca dizer se haverá ou não segundo turno. Não é por acaso, portanto, que o governador Cid Gomes, provavelmente em caso único no Brasil, pediu licença do cargo na última semana de campanha, para ajudar seu escolhido. Comparando com a pesquisa anterior, divulgada no dia 19 passado, na qual Eunício tinha 41% e Camilo 34%, ambos oscilam agora dentro da margem de erro, mas com uma tendência à redução dessa diferença.

Para complicar a leitura desses dados,  na pesquisa espontânea, quando o eleitor não é apresentado a uma lista com os nomes dos candidatos, Eunício lidera com 27%, seguido por Camilo, com 25%. A diferença aí é que o candidato do PMDB oscilou dois pontos para cima (tinha 25% na anterior), em  movimento inverso ao registrado na pesquisa estimulada. Isso mostra a volatilidade da informação. Quanto mais equilibrada a eleição, mais difícil é ser preciso. Para os analistas, não há saída que não seja apelar ao velho clichê: nada está definido e tudo pode acontecer.
Indecisos
Para os candidatos, o alvo mesmo são os 14% de indecisos apontados pelo Datafolha. Desse grupo, é justo concluir que nenhuma das candidaturas o empolgou até o momento, faltando menos de uma semana para a eleição. A escolha, portanto, deverá se dar por exclusão. Mais do que dizer que deseja esse ou aquele, o eleitor indeciso deverá escolher quem ele não quer ver no Palácio Iracema. Pode então fazer o voto útil (escolher o que considera menos ruim), protestar votando em quem não tem chance ou anular o voto. Por isso os ataques e as propagandas negativas contra adversários surgiram nessa reta final.

Banheiros fantasmas
Assim, e não por acaso também, o resgate do escândalo dos “banheiros fantasmas” assombrou a candidatura governista, pois há nele considerável potencial de estrago. O caso reapareceu na propaganda de Eunício Oliveira na última sexta-feira, lembrando que Camilo é citado em processos judiciais relacionados ao episódio. O ex-secretário da Cidades, claro, nega. De qualquer modo, o assunto ganhou espaço e foi tema em dois debates, onde o próprio petista, em decisão arriscada, puxou o caso para explicar sua versão.

Qual o impacto disso? Ninguém sabe. Notícias assim levam algum tempo para aparecerem em pesquisas, quando os eleitores passam a trocar impressões sobre o escândalo, para depois consolidar uma opinião, principalmente os indecisos. Por isso, certamente o Datafolha ainda não captou esse efeito. Entretanto, não é garantido que a denúncia tenha o impacto desejado pelo denunciante. Pode acontecer que o eleitor não se importe ou que veja o denunciado como vítima de uma injustiça. Ocorre que, pela reação agressiva, a licença de Cid e a opção por abordar o caso na propaganda da candidatura governista (em vez de ignorá-la), fica a impressão de que análises qualitativas devem ter apontado o perigo dos “banheiros fantasmas” para o petista. Tanto é assim que, na ânsia de defender Camilo, o governador chegou a dizer, na segunda-feira, que “desvio de dinheiro público é natural”, numa declaração infeliz que reflete bem a pressão do momento.
O eleitorado no Ceará está dividido. E a bola está com os indecisos.

Blog do Wanfil

Nenhum comentário:

Postar um comentário